Agora, você lê minhas lamúrias aqui

Tootles!

Não, calma, ainda não é hora de anunciar novidades, embora elas estejam a caminho. É hora de fazer aquela mudança PREVENTIVA de endereço do RSS, para vocês (seis ou sete) que assinam meu blog.

Agora vocês vão seguir por aqui: http://feeds.feedburner.com/biabonduki

E nada mais digo, que já ando bem ansiosa.

Antes de tudo, este não é um post pago. Ele é baseado na felicidade de encontrar um restaurante bom ao lado de casa.

Numa dessas de ficar lendo feeds de Facebook, eis que um dia uma conhecida postou fotos de seu almoço, como cada dia é mais comum. Olhei a foto curiosa, porque a comida parecia boa mesmo, só que o ambiente tinha cara de casa dos outros.

Alguns dias depois, a mesma conhecida, a ex-Impostora Barbara, postou mais informações sobre o restaurante, o Otto Bistrot. E qual não foi minha surpresa ao saber que, 1 – ficava ao lado de casa, 2 – a proposta do local era Slow Food.

E lá fui eu conhecer a casa. Para minha surpresa, mal entrei e já dei de cara com a própria Barbara, que almoçava por lá. Sentamos juntas e a queridíssima Jackie, que cuida de tudo por ali, me explicou sobre o cardápio, a proposta, o universo e tudo mais.

Funciona assim: é slow food, ou seja, não tem um cardápio fixo, pois depende do que o fornecedor vai entregar de mais fresco no dia – e ainda tem o lance da comida ser sempre uma surpresa. São sempre três opções mais o plat du jour, todos acompanhados de uma entrada que pode ser sopa ou salada. Coincidentemente, minha comida favorita estava no cardápio: coxinha de frango no vinho branco. Acompanhava arroz 7 grãos e beterraba ao limão. De entrada, pedi uma salada de alface com papaia e morango que dispensava qualquer tipo de tempero. Na lateral do prato, duas bruschetinhas DELICIOSAS me fizeram comer soltando impropérios.

Isso foi o que lembrei de fotografar, o resto eu comi.

De sobremesa, pedi uma cuca de baunilha com geléia de morango e sorvete de creme. Enquanto eu comia (e chorava de alegria), a dona do lugar, a Bia, veio me contar que na parte de cima da casa ainda tinha um espaço onde acontecem exposições e mais um salão de cabeleireiro, o La Bohème. E o mais legal: ela abre o espaço para os que estão de saco cheio de fazer home-office e querem respirar outros ares enquanto trabalham. Sério? Posso ir num lugar pra usar o wi-fi e comer bem sem nenhum garçom me olhando feio? Sim, é possível!

Você não precisa estar na Consolação pra conhecer o Otto Bristrot. Aproveita um dia de pouca criatividade na cozinha e se manda pra lá – e me convida, que eu desço rapidinho.

Otto Bistrot
Rua Pedro Taques, 129
Consolação – São Paulo
(11) 3231 5330
Twitter: @ottobistrotsp
E-mail: ottobistrot@ottobistrot.com

É engraçado viver em São Paulo. Você passa meros dois anos fora e leva mais dois pra reaprender o que mudou na cidade.

Digo isso porque agora eu dei de desbravar o centro. Embora eu já tivesse morado exatamente no mesmo quarteirão que moro hoje, há oito anos, parece que só agora eu percebi como estou perto da Sé, da República, desses lugares todos. A tarefa agora é lembrar de tudo que eu queria fazer no centro e alinhar com o que ainda é possível ser feito.

Tipo o que aconteceu na semana passada. Estávamos voltando do Shopping Light, eu e uma amiga, subindo a pé a rua Augusta. Sugestão dela, que eu mesma tava prontinha pra tomar um ônibus, mas a promessa de uma cerveja no meio do caminho fez com que eu encarasse a ladeira. Chegando na Praça Roosevelt, me veio a ideia: e se ao invés de cerveja, a gente parasse no Hotel Ca D’Oro para um drink? Conhecia a fama do restaurante do hotel e achei apropriado para aquela quarta-feira quente. Munidas de nossas sacolinhas das Lojas Marisa, resultantes de uma passadinha rápida, nos dirigimos à recepção.

– Boa tarde, onde fica a entrada do bar? – Se você é local, já deve estar rindo da minha cara.
– Senhora, este é um stand de vendas, o hotel fechou em 2009.

Não satisfeita, ainda pensei que, devido aos nossos trajes e as sacolinhas, talvez não nos quisessem lá – o que ia me deixar emputecidíssima e pronta pra xingar no twitter. Mas era verdade.

Subimos mais um pouco, paramos no boteco Nova Bom Jesus II e finalizamos nossa tarde. Aposto que se eu voltar daqui dois anos, NBJII continuará servindo bem para servir sempre.

Parece que quanto mais esclarecido o mundo fica, mais um grupo de babacas resolve que é hora de inventar mais regras para tudo. Artigos retrógrados, para botar “tudo em seu devido lugar”. “Devido”.

O que me incomodou já tem uma semana foi aquele programa de “sexo” do canal cinco (aquele, gente, cês sabem). Não vou entrar no mérito do “mas por que você assistiu esse programa?”, porque eu assisti mesmo e resolvi opinar. Nele, uma apresentadora deveras superestimada mostra seu lado ousado ao falar de sexo com personas do elenco da emissora. Tipo um Video Show da genitália global. E quando as respostas dos convidados parecem bem razoáveis, dá-se voz ao público até tentar provar o contrário. Então, por exemplo, se um convidado diz que não se importa da namorada conversar com outros caras, um coro de “corno” ganha seu espaço no programa. Namoradas que fuçam celulares de namorados, namorados machistas pra burro, vi uma gama de maus-exemplos. E, no final, fica aquela impressão de que, se foi atestado em rede nacional, o comportamento está aprovado. Todo mundo está fazendo, façamos também.

Agora esta pérola aqui. A revista já se esmera em estereotipar mulheres. As capas são iguais, as matérias são um insulto à inteligência dos leitores e as regras de “bom-comportamento” vem em mensagens sub-liminares. Mulheres são rivais e homens são para agarrar, de preferência com uma chave de perna. Porque, convenhamos, amigá, homens são assim mesmo – ai, como eu odeio esse termo.

Desde quando precisa ter MANUAL pro primeiro encontro? Ou pro décimo? Desde quando é padrão que não se transe assim, logo de cara? PORQUE AÍ ELE NÃO VAI QUERER CASAR. Mas quem disse que eu quero? A vida é só isso mesmo?

“Pega bem”, “calma lá”, “não é de bom-tom”. Eu to recebendo uma autoridade ou conhecendo uma pessoa? Vocês realmente ficam como guarda de fronteira, esperando que o cara cruze a linha para poder falar “Desculpe, a Revista Babacova me falou que assim não pode”? Não, sério, “faça-se de difícil, que aí o cara vai querer mais”. BICHO. Que as coisas mais indisponíveis são as mais instigantes já é sabido, mas daí isso virar regra é muita idiotice. E como é que fica VOCÊ? Volta pra casa, reza duas Ave Marias? PELO MÉRITO DE TER ALGUÉM NO SEU PÉ NO DIA SEGUINTE? Que ano é hoje?

Aí tem também a capa da revista deste mês, com o seguinte título: SUPERE A EX DELE NA CAMA. “Alô, ex do meu atual? Faz favor, o que você costumava fazer com ele pra eu tentar fazer melhor? Que, sabe, quando eu dou pra ele eu dou pra vencer, eu só quero imprimir uma xavascona na memória dele”. Chega de criar rivalidade entre mulher, que mundo estúpido é esse? Ninguém mais vive de verdade?

Uma vez eu lembro de estar odiando gratuitamente a atual de um ex, como se ela, mesmo vindo depois, tivesse culpa do nosso fracasso. E uma amiga, grande Alessandra Nahra, falou: we’re all sisters. Quase dei na cara dela na hora, porque eu de fato não acreditava nisso. Mas o tempo nos faz bem, e hoje eu bato no peito e repito, mulheres, we’re all sisters, caras, we’re all brothers, e não é o gênero de alguém que vai nos separar. É falha de caráter, é sacanagem, é qualquer outro motivo relativo a si mesmo.

Se você ainda precisa de um livro de ditames para viver em sociedade, faça-nos um favor e vá viver nas montanhas. E homens, mulheres e capivaras, dêem voz ao que vocês acreditam, e não ao que uma revista diz ou deixa de dizer.

Eu tenho um amigo, o Vince, que tem como esporte mentir para taxistas. Coisa boba, de dizer que é engenheiro agrônomo em Bandeirantes, Paraná, ou fã de Information Society, o que vier à cabeça na hora. E tem vezes que ele inclui os comparsas na mentira, como da vez que eu virei uma colega baiana em visita a São Paulo – até eu perder o talão de cheque no táxi e ter que receber o motorista com a maior cara de bunda na minha “casa paulistana”.

O que a gente nunca imaginou é que a mentira poderia ser repassada como fofoca, e chegar direto ao alvo.

Na terça passada, fui com o Vince a uma boate, onde meu irmão ia tocar (sim, eu tenho um irmão. Longa história, conheci ele nesse dia). Dada a intensidade do encontro, obviamente o assunto se estendeu durante a volta para casa, a bordo do táxi. Eu desci em casa, Vince seguiu no carro.

Corta para sábado, onde tomei um táxi sozinha no mesmo ponto, para voltar para casa. Segue a conversa:

– A senhora não quis encarar a fila da boate?
– Na verdade eu tava em outro lugar. Mas eu vim aí terça, que é festa de rock. Meu irmão foi o DJ.

Silêncio. O motorista pára no semáforo e vira para mim.

– Deixa eu te olhar melhor… – digito 190 no celular e puxo o pino da porta, vai saber.
– Que que é?
– Você conheceu seu irmão na terça.
– Você é amigo dele? – bem burra.
– Não, sou médium.

Mais silêncio, mas deixo o pino em paz.

– Brincadeira, eu levei você e seu amigo para casa aquele dia.
– Gente, que coincidência! – alívio, duas da manhã não é bem hora pra situações curiosas.
– Seu amigo é professor, né? Você é casada?
– Não.
– Mas ele já teve um caso com você, né?
– QUE?
– Ai, moça, não vai falar que eu falei… Ele disse que não deu certo.
– Sussa, é o SONHO dele. – a essa hora já tava liberado ser escrota.

Na tela do celular, eu mandava todo tipo de impropério para o Vince. Lazarento. Mas acalmei o taxista, e deixei o aviso: nem todo engenheiro agrônomo de Bandeirantes, Paraná, ou fã de Information Society, é o que costuma contar.

(e nenhuma palavra sobre quantas eras faz que não atualizo isso aqui)

Lembrando de todos os apartamentos onde morei, são poucos os que não tinham um vizinho idoso, desses que precisam da vara pra espantar corvo. Num deles, lembro até da ambulância retirando a velhinha para o hospital, mas não sei dizer se ela voltou. Ou seja, por muito tempo eu me senti – e só eu mesma, não é que alguém me delegou essa função – a vigilante do infarto alheio, sempre procurando por pistas para poder socorrer o morimbundo vizinho a tempo.

Bom, tem algumas semanas que me mudei pra um apartamento novo, na continuação daquela saga toda de voltar para São Paulo. E algo que me incomodou, desde o dia que vim ver o imóvel, foi o jornal do vizinho da frente jogado no capacho.

Cada dia a mais do mesmo jornal por lá era um tanto a mais de minhoca na minha cabeça. Só que de noite eu via a luz da cozinha ligada, e achava tudo muito estranho. Será que a pessoa sofria de urtigonice avançada? Tipo eu? Não sai de casa faz 15 dias? Será que morreu assassinada e o assassino continua lá? Mas e o cheiro?

Até que hoje fui deixar o lixo na lixeira. E vi que o jornal nada mais é que PARTE do capacho, estampado.

Voltei para minha casa e terminei a pia de louça, que obviamente tava me fazendo falta.

A cena se repete em lares, restaurantes e refeitórios prisionais: ao notar o silêncio dos comedores, alguém sempre precisa quebrá-lo para comentar:

– Nossa, que silêncio, cês tavam com fome, né?

GHAH.

Tem também aquele dia que você chega no trabalho e não sente vontade de violentar as orelhas alheias com suas parvoíces, e isso te rende um dia inteiro de “que que cê teeem?“.

E tem aquelXs amigXs que, ao fim de um assunto, precisam logo emendar um “É. Ai ai.” para o silêncio não começar a doer. Entendam, assuntos acabam, não é culpa de ninguém, NÃO PRECISA COMENTAR SOBRE O TEMPO.

O silêncio é algo que veio para mim com a idade, ou com o auto-conhecimento, não sei. Só lembro de quando eu achava que ficar sozinha, quieta, olhando para o teto era pior que ter que encarar um prato de berinjela, e nessa época eu devia ser uma companhia de merda. Hoje eu acho que quem não consegue ficar um minuto em paz, sem emitir som algum, é atormentado. Acho mesmo, chego a recomendar terapia e tal.

Então se você ainda não conseguiu pensar em nenhuma promessa de ano novo, aproveita que dá tempo e CALA ESSA BOCA. Faz favor.

Era isso. ;)

Quando eu me mudei para Brasília, já suspeitava que no fim dessa jornada eu viveria algo meio “Morgan Freeman de braços cruzados e com cara de onisciente dando a lição final” – (se você não consegue visualizar a cena, trabalhamos também com a opção “Robin Williams e seu sorriso prognata cheio de ternura, virando lentamente na sua direção”).

Enfim, quase dois anos depois eu posso dizer qual foi essa lição: aprender a sair em grupo de A.M.I.G.A.S..

te prepara homarada tamo arrasandooo

Quem me conhece, sabe o quanto eu abominei e evitei sair de MULHERADA nessa vida. Não foi pouco. Mas na sexta passada, depois de sair em um grupo de cinco FÊMEAS com direito a “se trocar lá em casa” e cantar músicas no carro, uma delas concluiu que talvez eu nunca tivesse tido um grupo de amigas que fizesse o comportamento feminino (as opposed to BRODÃO) valer a pena. O que inclui não falar mal de homem e nem se gabar da coleção de sapatos. Quer dizer, até pode, mas pouco.

Agora que a lição foi aprendida, eu agradeço a vocês algumas que me fizeram encontrar esse lado que eu passei a vida toda varrendo pra baixo do tapete. E também por serem mulheres das quais eu me orgulho de ser amiga, afinal não é qualquer uma que me faz sair da zona de conforto da brodagem pra passar um rimelzinho e andar feito JOVENS BRUXAS.

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Eu tenho dois grandes amigos, que também são primos. Eles são Vicente Vader (aniversariante do dia, PALMAS!) e João Eduardo Martin, professor e diplomata, respectivamente. Ambos igualmente nerds, igualmente sarcásticos, igualmente gênios. Vicente já me proporcionou célebres incontinências urinárias e até uma gastrite, provocadas por riso. João já me fez um plano de carreira caso eu quisesse virar prostituta – e ainda foi um ombro gigantesco neste FAROESTE CABOCLO.

Feitos da seleção mais nobre de genes catanduvenses, eles vão contar um pouco de como é ser um descendente direto do grande vovô Vicente Sênior, o responsável por essa zona toda.

Genes selecionados, retrogosto de sabão em pó.

1 – É hora de escolher 3 skills para levar pro resto da vida. Qual vocês escolhem?

João: Malabarismo, Escapar de Cordas e Regelar Sorvetes

Vader: Aerodinânica de mísseis; Dice stacking avançado e Tango na Escaleta.

2 – E se fosse pra roubar um skill já existente do primo, qual seria?

João: A capacidade de tornar QUALQUER história uma piada hilária.

Vader: Sem dúvida alguma, a resistência para com pimentas extremas.

3 – Usem a criatividade e inventem uma cantada dentro do tema: João – games, Vader – diplomacia.

João: “Cima, Cima, Baixo, Baixo, Esquerda, Direita, Esquerda, Direita, B, A, Start. E meu coração é seu.”

Vader: “Gata, vamos firmar um acordo territorial: eu te protejo e você invade meu coração com seu amor”.

4 – Qual o feito mais queima-filme do seu primo? Entreguem um ao outro.

João: Não sei…o mais emblemático foi algo que ele NÃO fez: pintar a moto alheia com tinta marrom. Acusaram ele, entretanto.

Vader: Creio que foi um feito conjunto: ganhamos dinheiro de Natal e gastamos tudo em papel higiênico rosa e mata-moscas. Use sua imaginação para completar a história.

5 – Se avô Vicente fosse vivo para ver o que vocês se tornaram, o que ele diria?

João: Ele citaria o amigo dele dizendo: “Carma, sinão nóis morre tudo!”

Vader: “The FORCE is strong in my family”